Fica o campo sem pasto, o chão sem vida
A lagoa rachada e ressequida,
esperando que o céu se manifeste
Camponeses do Sertão ou do Agreste,
transformado num retirante aflito
Animais com os ossos em atrito,
de tão fracos se arrastam pelo chão
Eu já vi Cabra magra no Sertão,
dando leite escorada no cabrito.
Animal carrancudo, pequenino
com o veado bastante parecido
o pescoço nem fino nem comprido,
a cabeça pequena, o queixo fino,
cada perna equipara-se a um cambito,
com que faz a escalada do grotão,
Mãe de Leite do povo nordestino,
resistente ao verão como um granito,
Eu já vi Cabra magra no sertão,
dando leite escorada no cabrito.
O Nordeste é viável, com certeza
irrigado, o sertão vira um jardim
prá crescer a lavoura e o capim,
é bastante ajudar a natureza,
adubar plantações, fazer represas
como existe nas terras do Egito
para o povo teria o pão bendito,
para o bruto animal, água e ração
Eu já vi Cabra magra no sertão,
dando leite escorada no cabrito.
Quando alguns animais não podem mais
caminhar, combalidos pela fome,
uma Cabra faminta, ainda come
folhas secas que caem dos vegetais,
comem até avelós e assafrás,
e apesar de viver neste conflito,
ainda é digna de um ato tão bonito,
pros meninos da nossa região,
Eu já vi Cabra magra no Sertão,
dando leite escorada no cabrito !!!
Exaltação a Cabra Sertaneja.
Poema de Gregório Filó.
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